COP: o que é, como funciona e o que se discute na conferência do clima

Entenda quem participa, os principais temas e quais são os efeitos da COP, a principal conferência internacional sobre a mudança climática

Publicado por
Jennifer Thomas
November 11, 2024
6
min de leitura

Todos os anos, lideranças globais se reúnem para discutir e negociar os rumos da política climática internacional na Conferência das Partes, conhecida como COP, evento realizado sob a alçada da Organização das Nações Unidas (ONU) que, em 2024, chega à 29ª edição, realizada entre 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

As mudanças climáticas já são uma realidade gerando impacto nas vidas de milhões de pessoas ao redor do mundo com enchentes, ondas de calor, queimadas e furacões. Por isso, o desafio é global e a COP é tão importante: ela em um papel relevante para criar acordos e metas internacionais com o objetivo de combater os efeitos da emergência climática.  

A seguir, você vai encontrar explicações sobre a COP e descobrir:  

  • O que é a COP  
  • Quando e por que a COP foi criada  
  • Quem participa da COP
  • O que é discutido na COP
  • Quais são os papéis de empresas e governos na COP
  • Quais são as tendências para a COP29  
  • Quais são as expectativas para COP30, no Brasil  

O que é a COP?  

Conhecidas como COPs, as Conferências das Partes são a principal reunião internacional sobre mudanças climáticas.  

Os encontros são organizados anualmente (com exceção de 2020, devido à pandemia de covid-19) sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a UNFCCC na sigla em inglês, o braço da ONU para discutir o aquecimento global.

Líderes mundiais, cientistas, ativistas, imprensa, organizações internacionais e empresas privadas participam do evento que discute planos de ação para enfrentar a mudança do clima.  

Quando e por que a COP foi criada?  

Em 1992, durante a Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), um órgão da ONU dedicado ao estabelecimento de acordos, tratados e compromissos relacionados ao combate às mudanças climáticas. A partir daí, definiu-se que as COPs seriam realizadas todos os anos para analisar os avanços de tais compromissos e negociar estratégias climáticas globais.

A primeira COP foi realizada em 1995 em Berlim, na Alemanha. Desde então, os encontros aconteceram em diferentes cidades da Europa, das Américas, da África e da Ásia. Em 2025, a COP-30 será sediada em Belém, capital do Pará.

Quem participa da COP?  

A COP tem como principal objetivo reunir os signatários da UNFCCC, conhecidos como as "partes" que, basicamente, são os 196 países que aderiram à Convenção; a União Europeia, que participa como um bloco que vai além dos países europeus; e a Santa Sé, a jurisdição eclesiástica da Igreja Católica.  

O evento é dividido em duas semanas. Na primeira, chefes de Estado e líderes mundiais são esperados para pronunciamentos e participações em cerimônias. Na semana seguinte, os delegados de cada país, como ministros, diplomatas e especialistas, assumem as reuniões para negociar os pontos principais de cada COP.  

Além das delegações formais, há observadores. Essas pessoas podem assistir às negociações – condição que confere mais transparência ao processo como um todo –, mas não têm direito a voto. Integrantes de ONGs, de grupos comunitários, acadêmicos e lideranças indígenas são alguns dos perfis que podem participar como observadores. Outras agências da ONU também participam das discussões, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Banco Mundial e a Organização Meteorológica Mundial (OMM).  

Outro importante segmento nas COPs é o de empresas e representantes do setor privado. As grandes corporações, que têm o potencial de gerar impacto significativo na transformação da economia, costumam participar dos eventos e mostrar os avanços em seus processos produtivos. Companhias envolvidas com geração de energia renovável, tecnologias limpas e indústrias sustentáveis marcam presença para mostrar as soluções possíveis no enfrentamento à crise climática.  

Em eventos paralelos, esses grupos podem apresentar relatórios, análises e propostas como forma de estimular o debate sobre os impactos da mudança do clima em diferentes setores da sociedade. Por fim, a COP também é marcada pela presença de jornalistas de diversos países, que fazem a cobertura do evento.  

O que é discutido na COP?  

De forma geral, o grande tema das COPs é o estado do aquecimento global, os impactos da mudança do clima no planeta e quais medidas precisam ser tomadas para enfrentar a crise climática.  

Pela complexidade das discussões, que envolvem interesses diversos de quase 200 países, cada encontro acaba por ter um tema específico como destaque do ano, mas diversos assuntos, como segurança hídrica, energias renováveis, justiça climática, entre outros, são debatidos nas reuniões oficiais e nos eventos paralelos.

Em cada edição há a expectativa de que os países mostrem o progresso alcançado no cumprimento de suas metas, que padrões globais sejam definidos para que todos estejam alinhados aos mesmos objetivos e que seja discutido o acompanhamento das contribuições definidas no Acordo de Paris, o principal tratado climático internacional estabelecido em 2015 durante a COP21, em Paris. No Acordo de Paris, um dos principais objetivos é limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC e evitar que a temperatura ultrapasse 2ºC.

Além disso, representantes das nações discutem como financiar medidas para a transição das economias para economias de baixo carbono, como promover as adaptações necessárias para que as populações sejam menos afetadas pelas mudanças do clima e como estabelecer o fim do uso de combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel.  

Quais são os papéis das empresas e governos na COP?  

Desde 2015, quando o Acordo de Paris foi criado, os governos signatários do tratado se comprometeram a apresentar uma Contribuição Nacionalmente Determinada, conhecida como NDC (Nationally Determined Contribution, em inglês). As NDCs mostram as metas de cada nação para a redução de emissões de gases de efeito estufa, apresentam políticas e medidas para implementar a adaptação às mudanças do clima e trazem informações sobre como promover a inclusão social e transformar a economia da sociedade.  

Como a sigla sugere, essas informações são determinadas pelos próprios governos – a cada cinco anos, os países precisam atualizar as suas propostas. Como parte do Acordo de Paris, espera-se que cada atualização seja mais ambiciosa do que a anterior, sempre com o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC. A partir disso, o papel dos governos nas COPs é, principalmente, o de participar das negociações e chegar a acordos multilaterais para garantir o sucesso do Acordo de Paris, além de assumir compromissos que demonstrem o aumento da ambição climática.

Ao mesmo tempo, empresas também têm uma participação essencial para o avanço da política climática internacional. Isso porque, enquanto os governos e a diplomacia trazem as políticas públicas, o setor privado pode mostrar resultados na prática. "As empresas têm o potencial de testar soluções e de mudar o rumo com agilidade quando não der certo. Não adianta ter política pública no papel que não é desenvolvida e não é colocada em prática. O setor privado é importante para que a mudança aconteça de forma mais rápida", diz Janaína Dallan, presidente da Aliança Brasil NBS.  

Quais são as tendências para a COP29?  

Em 2024, durante a COP29 em Baku, no Azerbaijão, há expectativa de que a grande discussão seja sobre o financiamento climático e que os debates girem em torno de quanto dinheiro os países desenvolvidos vão prover aos países em desenvolvimento para financiar o cumprimento das metas e para a transição climática. "Essa questão não é fácil. Alguns grupos defendem um aumento significativo de investimentos, enquanto outros pedem a revisão sobre o que é ser um país rico ou pobre. A grande expectativa para a COP29 é que se chegue a um acordo sobre isso", diz Janaína, da Aliança Brasil NBS.

Segundo Guilherme Quintana, analista de clima e emissões da Imaflora, a COP de Baku pode ser uma continuação da edição de Dubai, realizada em 2023, quando se anunciou a criação do fundo para financiar perdas e danos de países vulneráveis. "Países ricos e desenvolvidos deveriam arcar com o custo de adaptação das nações em desenvolvimento. Além disso, espera-se que o encontro avance na discussão sobre eliminar o uso de combustíveis fósseis", explica.  

Quais são as expectativas para a COP30 em Belém, no Brasil?  

Em 2025, a COP30 será realizada em Belém, capital do Pará, no Brasil. Por ter como sede uma capital do bioma Amazônico, espera-se que o governo brasileiro demonstre o potencial de assumir o protagonismo na agenda climática internacional. O tema principal da COP30 ainda não foi definido, mas uma das possibilidades é direcionar o foco das discussões para a adaptação a eventos extremos.  

De acordo com Janaina, da Aliança Brasil NBS, o Brasil terá que mostrar que está fazendo a lição de casa na área ambiental e climática. Para ela, o destaque será sobre a importância das florestas tropicais para o clima global e há expectativa sobre a apresentação de propostas para a proteção de florestas. Além disso, ela acredita que o governo brasileiro dará destaque à recuperação de áreas degradadas e o país terá a oportunidade única de liderar as discussões sobre bioeconomia e soluções baseadas na natureza.  

Como a COP se relaciona com a nossa vida?

Ao mesmo tempo em que a COP é um evento diplomático e que acontece entre representantes de governos, as decisões tomadas nas salas de negociação reverberam na sociedade como um todo e podem afetar assuntos como uso de combustíveis fósseis e investimento em energias renováveis. "As decisões tomadas nesses espaços podem ter impacto desde o preço de produtos até a criação de novas leis", explica Janaina Dallan, da Aliança Brasi NBS.  

As discussões que acontecem na conferência do clima também podem influenciar o comportamento do consumidor, que passa a cobrar mais dos governantes e das empresas, exigindo que os produtos sejam comprometidos com alguma atitude ambiental e climática.  

Quais decisões de COPs anteriores já mudaram a maneira como empresas e governos lidam com o clima?  

As conferências do clima terminam com um documento que oficializa os compromissos assumidos durante as negociações. Além do texto oficial, tratados e acordos paralelos podem ser anunciados por países e empresas.  

O principal resultado já obtido em uma COP é o Acordo de Paris, estabelecido em 2015 durante a COP21, em Paris. Com a meta de manter o aquecimento do planeta em 1,5ºC e não ultrapassar os 2ºC, o tratado é o guia para governos e empresas desenvolverem ações que sejam compatíveis com esses objetivos.  

Outro exemplo vem da COP26, realizada em 2021 em Glasgow, na Escócia, quando foi anunciado o acordo global para a redução de metano – do qual o Brasil faz parte. O principal objetivo desse acordo é reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, desafio que envolve, principalmente, o setor agropecuário.

A Suzano é comprometida com diversas ações relacionadas ao clima. Saiba mais na página Clima.

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ILUSTRAÇÃO:
Studio Shoyu

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