Diversidade, equidade e inclusão: temas para prestar atenção

Conheça os tópicos mais importantes para a pauta da diversidade, equidade e inclusão e entenda como você pode defender e estimular o tema

Diversidade, equidade e inclusão: temas para prestar atenção

Conheça os tópicos mais importantes para a pauta da diversidade, equidade e inclusão e entenda como você pode defender e estimular o tema

Publicado por
Nataly Pugliesi
November 29, 2024
8
min de leitura

A pauta de diversidade, equidade e inclusão (DE&I) se consolidou como um tema importante para a sociedade. Consumidores e profissionais têm demandado que marcas e empresas se posicionem mais claramente sobre o respeito a diferenças e a promoção de ambientes mais justos. Tanto que, de acordo com um estudo da Accenture, 62% dos consumidores preferem comprar de marcas que demonstram preocupação com questões sociais, incluindo a diversidade, e 47% afirmam evitar empresas que falham em se posicionar sobre o assunto.  

Além disso, segundo uma pesquisa da consultoria McKinsey, organizações com diversidade de gênero têm 25% mais chances de obter maior lucratividade, enquanto aquelas com diversidade étnica podem superar em até 36% a média de seus concorrentes, por exemplo. “Diversidade, Equidade e Inclusão é um tema estratégico, pois viabilizar a não discriminação é um imperativo moral e ético. É também uma questão de justiça social, que deve estar explícita nos códigos de ética e conduta das empresas”, diz Margareth Goldenberg, CEO da Goldenberg Diversidade.  

A seguir, você vai conhecer 6 temas sobre diversidade nos quais devemos prestar atenção.

1. Diversidade na liderança  

Algo muito poderoso na jornada pela inclusão é ter exemplos que vem de cima. Afinal, lideranças que fazem parte de grupos minorizados – seja nas empresas, nos esportes, nas artes ou na academia – têm o poder de inspirar e impulsionar as pessoas e podem viabilizar queque tenham espaço para crescer e se destacar. Apesar de avanços nos últimos anos, a representatividade racial e de gênero ainda enfrenta barreiras. No Brasil, segundo um estudo sobre mulheres no mercado de trabalho conduzido pela consultoria Grant Thorton, mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança, e, de acordo com a pesquisa Women in the Workplace 2022, da consultoria McKinsey, as mulheres negras representam menos de 5% das posições de alta liderança nos Estados Unidos. Esse cenário reflete um problema estrutural que precisa ser enfrentado com políticas claras de promoção e desenvolvimento.  

“A cada mulher promovida a diretora, duas pedem demissão. Para cada 1.000 talentos diversos contratados, 600 deixam a empresa em menos de um ano. Estamos enxugando o chão com a torneira aberta. O esforço para contratar tem aumentado, mas o empenho para reter e desenvolver tem sido, ainda, muito pequeno. O investimento tem que ser na cultura, no ambiente interno seguro”, diz a CEO da Goldenberg Diversidade.  

Essa falta de representatividade vai além do mundo corporativo. No esporte, Serena Williams inspirou uma geração de meninas negras ao se tornar uma das maiores atletas de todos os tempos, quebrando barreiras raciais e mostrando que o topo é possível, mesmo em campos historicamente dominados por pessoas brancas. No Brasil, Joana D'Arc Félix de Souza, cientista reconhecida mundialmente, superou as adversidades sociais e raciais, tornando-se uma referência para meninas que sonham em seguir carreira na ciência.

Mas dados da UNESCO mostram que, em 2021, apenas 30% dos pesquisadores em todo o mundo eram mulheres. A presença de líderes como Joana ajuda a transformar esse cenário, oferecendo modelos de sucesso para meninas que desejam ingressar em áreas como STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), na qual a desigualdade de gênero é ainda mais pronunciada.

2. A importância da interseccionalidade  

A interseccionalidade é a sobreposição de diferentes identidades — como raça, gênero, orientação sexual e deficiência — que podem gerar múltiplas formas de exclusão. Compreender essa perspectiva é essencial não apenas no trabalho, mas também em nossas relações cotidianas, como nas interações com amigos e colegas. Reconhecer essas complexidades ajuda a criar ambientes mais inclusivos e empáticos, onde cada pessoa possa ser vista em sua totalidade.

Por exemplo, na escola dos nossos filhos, uma criança com deficiência pode enfrentar desafios muito diferentes de uma criança negra ou LGBTQIAP+ (sigla para representar lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, interssexuais, assexuais, pansexuais e outras pessoas), mas a sobreposição dessas identidades intensifica ainda mais as barreiras. Da mesma forma, no ambiente de trabalho, uma mulher negra pode estar lidando com preconceitos que uma mulher branca não enfrentaria da mesma maneira, o que destaca a necessidade de soluções específicas. “Quando falamos de equidade, não podemos tratar todas as pessoas da mesma maneira. Precisamos reconhecer que uma mulher negra enfrenta desafios diferentes de uma mulher branca, e ainda mais distante da realidade de um homem branco, por exemplo", afirma Guilherme Barra, consultor de diversidade da MAC Consultoria.  

Para aplicar isso no dia a dia, é importante entender como essas diferentes camadas de identidade afetam as pessoas ao nosso redor. No ambiente corporativo, isso significa criar programas de mentoria e coaching específicos para grupos minorizados, mas também é algo que pode ser praticado em conversas informais, prestando atenção a como nossos colegas ou amigos vivenciam a interseccionalidade. E, conforme essas camadas se acumulam, os desafios de discriminação e exclusão aumentam. Por isso, é vital promover espaços, tanto no trabalho quanto fora dele, onde as pessoas possam se expressar com segurança e tenham suas identidades respeitadas e celebradas.

3. Inteligência Artificial contra vieses inconscientes

A Inteligência Artificial (IA) está moldando o futuro do trabalho, e dentro dos próximos anos, veremos essa tecnologia sendo usada cada vez mais para combater preconceitos no recrutamento e na gestão de pessoas. Algoritmos de IA podem analisar currículos sem considerar fatores como gênero ou etnia, eliminando vieses inconscientes – que são os nossos preconceitos, muitas vezes não percebidos – e permitindo contratações mais justas.  

A IA também pode ser uma aliada para mais justiça no ambiente de trabalho, pois pode identificar discrepâncias salariais e de promoções, ajudando a organização a tomar medidas assertivas.

4. Saúde Mental é um pilar para a inclusão

A saúde mental se tornou um dos principais temas da vida cotidiana, seja em um ambiente de trabalho ou familiar. “Não adianta criar um ambiente diversificado se as pessoas não se sentem bem ou seguras para ser quem realmente são dentro da empresa”, afirma Guilherme Barra, da MAC Consultoria em Diversidade. Investir em saúde mental é, portanto, essencial para garantir que todas as pessoas, especialmente aquelas de grupos minorizados, tenham o suporte necessário para prosperar. Segundo um estudo feito pela Race Equality Foundation, por exemplo, quem faz parte de grupos minoritários de raça e etnia sofre mais riscos de desenvolver doenças mentais do que o restante da população.  

Essas questões também se aplicam nas nossas relações cotidianas. Amizades e laços pessoais podem ser uma fonte vital de apoio para aqueles que enfrentam discriminação ou microagressões diárias devido à sua identidade. Isso significa prestar atenção aos sinais de esgotamento ou sofrimento emocional em amigos e colegas que pertencem a grupos minorizados e oferecer apoio, seja por meio de uma conversa aberta, de incentivo para procurar ajuda profissional ou simplesmente de ser uma presença empática.

No trabalho, Margareth Goldenberg ressalta: "Um ambiente seguro e inclusivo envolve também a criação de condições para que todos possam se sentir física e emocionalmente bem". Para pessoas de grupos marginalizados, isso pode significar o acesso a serviços de terapia ou grupos de apoio que compreendem os desafios únicos que enfrentam. Empresas podem desempenhar um papel fundamental ao promover não apenas a diversidade, mas também o cuidado com a saúde mental, criando espaços onde todos se sintam confortáveis para expressar suas preocupações e emoções.

5. Gerações diferentes são positivas

Com cinco gerações coexistindo no mercado de trabalho — dos Baby Boomers à Geração Z —, cada uma traz perspectivas e experiências únicas. Até 2025, segundo a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a Geração Z representará 27% da força de trabalho global, enquanto a presença de profissionais com mais de 50 anos também crescerá. Relacionar-se com pessoas de diferentes gerações, tanto no trabalho quanto em casa, oferece uma rica oportunidade de aprendizado mútuo: os mais jovens trazem inovação, enquanto os mais velhos oferecem sabedoria e resiliência.

Fora do ambiente profissional, essa troca é igualmente valiosa. Nas famílias, o convívio entre gerações reforça laços e promove empatia, com os mais velhos ajudando em decisões importantes e os mais jovens mantendo todos conectados às novas tendências. Perguntar mais e deduzir menos é essencial para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas, criando ambientes mais inclusivos e colaborativos, seja no trabalho, no círculo social ou em casa.

6. A liderança tem o poder de impulsionar a diversidade  

Nenhuma transformação em Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) será efetiva sem o envolvimento ativo das lideranças – sejam governamentais ou empresariais. Os líderes que não entenderem a importância dessas pautas enfrentarão grandes desafios. “No caso das corporações, especialmente para reter talentos das gerações mais jovens, que têm expectativas mais altas em relação à inclusão no ambiente de trabalho”, afirma o consultor Guilherme Barra. “O papel da liderança é central para criar uma cultura onde a diversidade de pensamento e experiência seja valorizada.”

Lideranças fora do mundo corporativo também desempenham um papel importante ao promover a inclusão. No esporte, figuras como Megan Rapinoe, campeã mundial de futebol, usam sua visibilidade para lutar por igualdade de gênero e inclusão LGBTQIAP+. Na ciência, a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel é uma defensora da inclusão no campo das pesquisas, quebrando estereótipos de gênero e estimulando meninas a seguirem carreiras em exatas. Esses exemplos inspiram, não só dentro de suas áreas, mas em diferentes setores da sociedade.

Conclusão: a diversidade só acontece se houver intenção  

Valorizar e promover a inclusão enriquece nossas vidas pessoais, promovendo uma compreensão mais profunda das experiências humanas e fortalecendo nossas capacidades de empatia, colaboração e criatividade nas interações diárias. Margareth Goldenberg diz que, "se não houver intenção, não muda". A chave está em implementar políticas que garantam não apenas a contratação, mas também o desenvolvimento e retenção de talentos diversos. Criar um ambiente onde todos se sintam pertencentes é crucial para a inovação e sucesso organizacional. “Ter clareza dos desafios e, de forma intencional, desenhar iniciativas para que as transformações ocorram, pois elas não vão acontecer 'gradualmente' sozinhas, como muitos acreditam”, afirma.  

Em um momento em que a diversidade se tornou um valor estratégico, é fundamental que empresas e indivíduos estejam atentos, compreendendo que o sucesso na implementação de DE&I não é apenas uma questão de cumprimento de legislação, mas sim de transformação cultural, inovação e crescimento sustentável. Viver em uma sociedade mais diversa e inclusiva enriquece nosso cotidiano, pois nos expõe a uma variedade de perspectivas e ideias que promovem o aprendizado, a empatia e a inovação.

Como você pode apoiar a diversidade, equidade e inclusão  

No dia a dia, pais, professores e amigos podem reforçar essas lições de inclusão e diversidade em pequenos gestos. Para os filhos, uma dica prática é estimular a convivência com pessoas de diferentes origens, idades e habilidades, mostrando que a diversidade é algo a ser celebrado. É importante que o exemplo comece em casa e que os pais se relacionem com pessoas com representatividade diversa, ensinando sempre o respeito às diferenças.  

No círculo social, compartilhar essas práticas também é importante. Conversar com amigos sobre a inclusão e o respeito a diferentes identidades, modelando comportamentos inclusivos em situações cotidianas, ajuda a espalhar essa conscientização. Pequenas atitudes, como ajustar atividades sociais para serem acessíveis a todos e ouvir ativamente as diferentes experiências, contribuem para criar uma cultura mais acolhedora e inspiram como um bom exemplo a ser seguido.

Para conhecer algumas ações da Suzano, acesse a página Diversidade, Equidade e Inclusão.

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ILUSTRAÇÃO:
Studio Shoyu

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