
Após dois meses de capacitação de 120 pessoas, o projeto Talentos da Cozinha Amazônica - Rumo à COP30 se encera no dia 15 de abril. Os participantes são moradores de vários bairros de Belém (PA), especialmente da comunidade da Sacramenta, no entorno da fábrica da Suzano - companhia que apoia o projeto em parceria com o Instituto Ambient.
Desde fevereiro, os alunos vivenciaram atividades teóricas e práticas elaboradas para incorporar e identificar oportunidades para a Conferência do Clima, a COP30, que será realizada em Belém no mês de novembro. Todo o conteúdo do curso foi pautado na valorização dos produtos e da cultura amazônica. Dentro das práticas de sustentabilidade do projeto, também foram realizadas oficinas de compostagem, hortas verticais e destinação correta dos resíduos sólidos.
A gastrônoma Mara Goretti Rodrigues foi a responsável pelas aulas, receitas e dicas de pratos diversificados sempre com foco no reaproveitamento dos ingredientes, coisas que normalmente são descartadas na cozinha como cascas, folhas, talos e sementes. “Nada aqui é jogado fora, tudo é reaproveitado, nosso foco é a sustentabilidade. É gratificante estar ajudando alguém a ampliar os seus conhecimentos ou buscar um novo campo de trabalho, gerar renda para muitas mulheres que precisam e que não tem essa oportunidade”, afirma.
A chefe instrutora destaca a força de vontade e resiliência de algumas alunas que, apesar dos falta de experiência na cozinha e dos desafios para conciliar as tarefas de casa com o curso, se empenharam durante as aulas diárias. “Muitas (mulheres) trazem até os filhos, vêm com as crianças participar porque que não tem uma rede de apoio para deixar a criança em casa. Vem porque precisa, vem mesmo porque quer aprender”, explica Mara Goretti.
Qualificação e diversidade
As mulheres foram 97% do público desse processo de qualificação. A maioria assumiu o papel de chefe de família e está em busca de alternativas para iniciar um negócio ou aprimorar as atividades que já realizam, garantindo uma renda extra ou até mesmo uma nova fonte de renda.
Patrícia Santos tem 47 anos, já trabalhou como merendeira em uma escola e não esconde o amor que tem pela cozinha e o sonho de cursar gastronomia. “Eu sonho em trabalhar na área e essa oportunidade foi excelente porque eu estava querendo fazer um curso como esse há muito tempo, mas estava com dificuldade”.
Com três filhos e um neto, ela espera fazer parte dos 20% de participantes que serão encaminhados para empresas parceiras com vagas disponíveis no mercado de trabalho. “Eu consigo me enxergar sendo uma dessas pessoas contratadas e eu vou amar, porque eu amo trabalhar na cozinha”, declara Patrícia.
A formação no Talentos da Cozinha Amazônica - Rumo à COP30 foi além das técnicas de cozinha. O projeto ensinou noções de empreendedorismo, sustentabilidade, segurança alimentar, marketing pessoal e até a criação de um currículo criativo. Mas há quem tenha participado para ter uma “prova” de que é uma cozinheira de mão cheia. Caso de Rosemeire Sena Rodrigues, de 71 anos. “Agora eu tenho um comprovante, um certificado. Eu aprendi a cozinhar com a minha mãe, então aonde tem uma comida eu estou lá fazendo, mas nunca tinha feito um curso de verdade. Para mim foi uma oportunidade excelente para aperfeiçoar o que eu já sabia”.
Parceria
A iniciativa nasceu de uma demanda espontânea feitas pelos participantes de outros cursos realizados pelo Instituto Ambient. Passar da ideia para a prática foi uma questão de parceria. “Nós procuramos a Suzano, uma grande parceira nossa, que acreditou na ideia e patrocinou a adequação do nosso espaço, de uma cozinha sustentável e o cardápio para que a gente pudesse fazer esse momento. O diferencial nesse curso é que nós contratamos uma especialista em captação de vagas que fez algumas parcerias institucionais com outras organizações para que a gente possa direcionar ao mercado essa mão de obra que foi qualificada”, explica o presidente do Instituto Ambient, Murilo Monteiro.
“Esse é um projeto que já nasceu um sucesso, desde as inscrições até a taxa de assiduidade. Essa iniciativa está conectada com um dos pilares da nossa estratégia de relacionamento com as comunidades próximas do negócio que é no campo do empreendedorismo, sobretudo do empreendedorismo feminino. Ao finalizar as aulas, quem participou do curso não terá somente um certificado, terá conquistado muitos aprendizados. É uma capacitação completa, tanto teoria e na prática para quem está começando quanto para quem já tem o seu próprio negócio ou é pequeno empreendedor, com aulas sobre modelagem de negócios e educação financeira. Foi um projeto que nasceu para preparar pessoas para mudar de vida”, garante Diego de Souza Carrara, coordenador de Desenvolvimento Social da Suzano.