A Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, torna-se a primeira empresa não governamental e não financeira das Américas a realizar uma emissão de panda bonds, termo associado a emissões de empresas estrangeiras realizadas exclusivamente no mercado chinês. A operação resultou na captação de 1,2 bilhão de Renminbi (aproximadamente US$ 165 milhões). A emissão também está associada à agenda socioambiental, por isso os títulos são qualificados como panda bonds verdes.
Os recursos captados serão destinados integralmente ao financiamento de plantios de eucalipto certificado no Brasil. A árvore plantada dá origem a matérias-primas de origem renovável que podem substituir derivados do petróleo, contribuindo, dessa forma, para o objetivo do país asiático de acelerar o processo de descarbonização de sua economia.
O ingresso no mercado de emissões chinês foi aprovado pelo Conselho de Administração da Suzano em agosto passado. Na oportunidade, foi aprovada a submissão à National Association of Financial Market Institutional Investors (NAFMII) de um programa para captação de até 20 bilhões de Renminbi nos próximos dois anos. A decisão, que abriu a opcionalidade para a Suzano acessar o mercado chinês até esse montante, também contemplava uma primeira operação de até 1,2 bilhão de Renminbi, com prazo de vencimento de até 3 anos.
O primeiro panda bonds verde da Suzano na China tem prazo de três anos e cupom de 2,80% ao ano.
“Essa operação permite à Suzano não apenas diversificar suas fontes de financiamento, mas também acessar um mercado de enorme potencial, segundo maior em liquidez no mundo, em uma emissão com condições competitivas. Estamos nos adaptando às dinâmicas do mercado chinês e, a partir dessa estreia, temos a expectativa de que futuras emissões apresentem taxas, prazos e volumes ainda mais atraentes”, diz Marcos Assumpção, diretor de Planejamento Financeiro e M&A da Suzano e futuro vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Suzano, a partir do próximo mês.
Finanças sustentáveis
Dada a qualificação verde da operação, a Suzano contou com o apoio da consultoria Lianhe Equator – uma das organizações de avaliação e certificação de terceiros para finanças sustentáveis na China –, na condição de Second Party Opinion, para garantir que o uso e gerenciamento dos investimentos atendam aos requisitos locais do instrumento. Em paralelo, a Sustainalytics, reconhecida consultoria global de Sustentabilidade, também emitiu parecer referendando que a estruturação da operação atende aos quatro componentes dos Green Bond Principles 2021 do International Capital Markets Association (ICMA), e que os relatórios de alocação e impacto da companhia estão alinhados com as práticas do mercado.
“Estamos honrados em nos tornarmos a primeira companhia não governamental e não financeira das Américas a emitir panda bonds na China, neste ano especial que marca o centenário da Suzano e o 50º aniversário das relações diplomáticas entre Brasil e China. Esta iniciativa demonstra o compromisso da companhia em investir continuamente em práticas sustentáveis, e nossa confiança e dedicação ao crescimento contínuo na China. Com os Green Panda Bonds, esperamos fortalecer ainda mais nossos laços com o mercado financeiro chinês, especialmente na promoção das finanças verdes, para acelerar a transição da China para uma economia de baixo carbono”, afirma Pablo Machado, vice-presidente executivo da Suzano e presidente de Negócios da Suzano Ásia.
A Suzano mantém mais de 1,5 milhão de hectares de terras destinadas à produção – o equivalente a 2,5 vezes a área de Xangai –, base composta sobretudo pelo plantio de eucalipto em regiões degradadas no passado. A companhia também mantém 1,1 milhão de hectares destinados à conservação, área equivalente a 10 vezes o território de Hong Kong.
A nova emissão confirma o pioneirismo da Suzano no mercado de captações. Em 2016, a companha foi a primeira da América Latina a emitir green bonds em dólares. No mesmo ano, inaugurou o mercado de títulos verdes em uma operação nacional. Em 2020, a Suzano foi a primeira empresa das Américas e a segunda do mundo a realizar uma emissão de sustainability-linked bonds (SLB).
O que difere os títulos é a forma como os recursos contribuirão para a agenda socioambiental. A emissão de green bonds vincula o montante captado ao uso para finalidades específicas. Já os SLB têm como característica vincular o custo do recurso oferecido pelos investidores ao cumprimento de metas de sustentabilidade.